sábado, 25 de maio de 2013

LUOYANG


À medida que o tempo vai passando vou sentindo mais vontade de mudar o nome do blog. Quando comecei a contar nossas aventuras não esperava que conheceria tantos lugares em tão pouco tempo. Shanghai já não é mais o limite. Estamos tentando vivenciar o máximo de coisas possíveis pois afinal de contas será difícil ter outra oportunidade como esta. Assim, continuo meu diário de bordo digital, seja lá qual for o nome.

Luoyang
No início de março fizemos uma viagem para o interior do China, para a cidade de Luoyang na província de Henan. A viagem foi em missão de trabalho e não imaginávamos que o destino seria um dos principais berços da cultura Chinesa.  Lá pude sentir pela primeira vez a energia do Budismo no Templo do Cavalo Branco. Pude perceber a força cultural do Kung Fu visitando o Templo Shaolin onde milhares de crianças e adolescentes aprendem a arte e a filosofia da luta. E, nas Grutas de Longman, pude sentir a devoção à Buda estampado nas milhares de esculturas cravadas nas encostas das montanhas. Lugares que merecem ser tratados separadamente pela grande quantidade de imagens e informações captadas. Começarei falando um pouco sobre Luoyang propriamente dita. Respirem fundo!!


A CIDADE

Geograficamente Louyang está localizada numa região estratégica do país pois se encontra bem no meio de um dos maiores e mais importantes rios navegáveis da China, o Rio Amarelo.  Foi capital do país por 13 dinastias começando com a dinastia Xia ainda do período (acreditem) Neolítico (século XXI a.c.) mas foi na dinastia Tang (século V a IX d.c.) que a cidade se desenvolveu.
Sua longa história fez com que se tornasse a origem de muitas lendas Chinesas, ficando conhecida como a Capital dos poetas e escritores da China Antiga.  Foi lá que surgiu o Taoísmo (que explicarei mais adiante) e onde foi construído o primeiro templo Budista chinês.
A primeira impressão da cidade não foi lá muito boa. O ar era muito poluído com o céu meio esfumaçado.  Me assustei um pouco com as redondezas do hotel que mostravam uma cidade caótica com muitas bicicletas e motocas elétricas que buzinavam freneticamente. Lojas e lanchonetes eram bem típicas. Mais uma vez me dei conta de que estava na China.

Na chegada, um susto!
Durante os três dias de nossa viagem, fomos gentilmente guiados por um grupo de chineses funcionários de uma fábrica visitada pelo João.  Todos muito solícitos nos levaram para conhecer os principais pontos turísticos que geralmente  ficavam bem afastados da cidade. Nos trajetos notamos a surpreendente quantidade de obras de infraestrutura urbana e de edifícios residenciais e comerciais em construção. Quase um cenário de guerra com vários prédios sendo demolidos para a passagem de avenidas, passeios públicos, jardins e torres assustadoras.

Centenas de prédios semi-demolidos. 


Pra quem já não gostava da Barra da Tijuca...

Foi difícil acreditar que a cidade fosse tão antiga a não ser pelo centro histórico, a  Old Town. Da muralha que cercava a cidade resta apenas um dos pórticos de acesso.

Pórtico Lijing e a muralha que protege a antiga Luoyang.
                            

Interior da cidadela.
Ruas ancestrais
                        

Becos, muitos becos!

Dentro da cidadela encontramos antigas construções que abrigam centenas de lojinhas vendendo objetos de cerâmica, pinturas Chinesas, recortes vazados em papel feitos à mão, leques e etc. Tudo super barato!  Difícil foi convencer os amigos chineses de que as coisas estavam baratas.  Eles sempre pechinchavam e achavam tudo um absurdo de caro, me deixando constrangida em comprar. Assim, me arrependo amargamente de não ter insistido pois aqui em Shanghai seria, com certeza, tudo mais caro.

João com sua caixa de cavalinhos de cerâmica tradicionais de Luoyang.

Eu e o meu pseudo-Saara! 

Infelizmente não tivemos tempo para muitas andanças, mesmo assim Luoyang ficará sempre em minha memória pela surpreendente cultura que ainda preserva e pelo desenfreado crescimento urbano onde novo e o antigo precisam encontrar uma maneira de conviver em paz.

                             
Achei esse vídeo para quem quiser sentir um pouco mais a cidade.  



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Tongli

O feriadão do dia do trabalho rendeu! Aproveitamos para conhecer os arredores de Shanghai.  Tongli é uma pequena cidade próximo à Suzhou na província Jiangsu  . Tem mais de 1000 anos de idade e é caracterizada pelas pontes de pedra que atravessam vários canais e  pela  arquitetura clássica chinesa. Algumas pontes como  Taiping (Ponte da Paz), Jili (Ponte da Sorte) e Changqing (Ponte da Celebração) tem grande importância cultural pois nas ocasiões sociais, como casamentos, nascimentos, e aniversários, as pessoas precisam passar por elas para trazerem paz, fortuna e felicidade para suas vidas. 
As construções das dinastias Ming e Qing estão relativamente bem preservadas e deram lugar à centenas de lojinhas de quinquilharias e restaurantes típicos que atraem turistas em busca de uma atmosfera totalmente pitoresca e autêntica. Uma tarde inesquecível numa verdadeira Veneza do oriente.

As ruas de acesso lotadas já davam idéia da multidão que estaríamos por enfrentar. Disputávamos espaço com os riquichás e com as motoquinhas elétricas que atualmente infestam todas as cidades da China.


Riquichás, tradicional meio de transporte chinês, 
agora adaptados à bicicletas e que antigamente eram
puxados por homens.

Com a sensação de ter viajado no tempo fiquei imaginando a vida desse lugar no passado.  Senti que  os próprios chineses que ali estavam procuravam resgatar um pouco da memória que se tem perdido  ao longo  do tempo. Em Shanghai não vemos essas expressões  culturais tão fortes pois a cidade já  está deveras ocidentalizada.  Porém à apenas uma hora encontramos viva e celebrada a autêntica cultura chinesa.

Várias figuras como esta  em trajes típicos
 remontavam cenas de um tempo perdido.

Na praça central um palco com encenações de
 Teatro Chinês!  
 Senhoras  dançarinas em descanso.
Algum vestígio da  música ancestral chinesa.
Turista em traje normal de passeio.
 Comum reviver este ar romântico no figurino.


Tongli estava repleta de jovens e crianças. Curtindo a história de seu próprio povo, buscando as raízes perdidas ao longo das gerações. A China passa por uma ocidentalização desenfreada e quando conversamos com os jovens de 20-25 anos geralmente não conhecem nada sobre religião, nem de culinária, nem da própria história e geografia do país. 

Nova geração.  Como estarão daqui à 20 anos?
Ruas, pontes e canais, uma tarde é pouco para o passeio.  Lá pelas tantas bateu aquela fomezinha, procuramos algo para comer entre as dezenas de restaurantes às margens dos canais, mas nenhum nos apeteceu.  Talvez pela hora avançada. Várias lanchonetes serviam um prato que imagino ser bem típico, o joelho do porco, mas não deu pra encarar..  O pior de tudo era o cheiro que algumas barraquinhas exalavam da fritura do tofu.  Era realmente insuportável!!  Aquele cheiro se espalhava por vários metros e tínhamos que literalmente fugir!

Joelho de porco.  Alguém vai??

 Enfim encontramos um Oásis, um café charmosíssimo (bem ocidental) onde tomamos um belo café com leite e curtimos as paredes decoradas com centenas de cartões postais.

A felicidade mora aqui.
Todo decorado com cartões postais e cartas! Muito charmoso!

Energia renovada para seguir.


Não importam as questões culturais e filosóficas sobre o lugar,  Tongli é realmente linda!  Um lindo cenário que se mostrou muitas  vezes caótico, mas nada que não tenha à ver com o "Chinese Way".














Quanta vivência!!





Pretendemos voltar com mais tempo, pois existem alguns museus e jardins que infelizmente não tivemos tempo de conhecer. Os poucos museus que conhecemos possuem um acervo de artefatos antigos em péssimas condições de conservação como vestuário, mobiliário e adereços antigos.  É uma pena que países como a China e o Brasil, que estão em pleno desenvolvimento econômico, ainda não atentaram devidamente para a importância da preservação dos bens culturais e históricos de seu povo.



sexta-feira, 3 de maio de 2013

Pedestrian Street

Shanghai sempre me surpreende. Teria que morar aqui uns 5 anos para poder conhecer todos os cantinhos.  Já fazia algum tempo que estávamos querendo conhecer um bairro famoso da cidade chamado Gobei, também conhecido como "Korean Town", no lado oeste da cidade. Como o próprio nome já diz é o reduto dos vizinhos coreanos e que atualmente tem abrigado estrangeiros de todo o mundo. É um bairro residencial que tem um astral mais largadão, despojado e até um pouco mais sujo que o resto. Pela grande quantidade de turistas e expatriados possui um grande shopping de Suvenirs e  muitas locadoras de filmes. Este bairro possui uma estreita rua de pedestres, quase como uma vila, onde podemos encontrar restaurantes de todo canto do mundo.  Ali qualquer expatriado pode fugir um pouco da culinária chinesa e experimentar outros sabores.  

Na entrada da rua uma locomotiva pra dar um clima mas que
não tinha nada a ver com o resto.

Restaurantes indiano, alemão, belga, grego, mexicano,
espanhol, italiano, tailandês, japonês, árabe, etc.
  Só não vi nenhum brasileiro!
As mesinhas ao ar livre convidam para um happy hour.
Após 4 meses de inverno merecíamos uma cerveja gelada pra comemorar as blusas sem manga e os casacos deixados em casa!  "Ganbei"!!!




Auto Shanghai 2013

Domingo foi dia de feira!!  Feira do Automóvel de Shanghai! Mais uma vez encaramos a  multidão de Chineses e suas câmeras enfurecidas num "quase" programa de índio!
Entrada principal - sem grandes produções.
Já chegamos cansados pois o metrô nos deixou muito longe e tivemos que caminhar uns 30 minutos até o Centro de Exposições.  Teoricamente teria um ônibus para nos levar ao local mas não vimos nenhuma sinalização e nenhum ônibus. 


Os pavilhões eram imensos, confesso que deu preguiça só de olhar. A exposição ocupava mais de 10 pavilhões.  Fomos direto para o N1 onde estavam as marcas mais cobiçadas - Lamborghini, Porsche, Maserati, Bugatti e Ferrari.

Pavilhão N1 ao fundo.
                            
No caminho alguns carros modificados faziam sucesso.
Este mais parecia um rabecão de férias para defunto.  

Esse Scania era um show!
Confesso que não consegui relaxar pois estava preocupada com a gripe aviária por conta da aglomeração de pessoas. Olhem só como estava o Pavilhão N1. Era difícil até caminhar.

                         

                         


Empurra daqui empurra dalí e conseguíamos chegar para vê-los através de um cercadinho.  A decepção foi não poder entrar para tirar um casquinha!  

                        

Quase todos os carros estavam acompanhados de (nem sempre) lindas modelos.

                         

                         

                         

Em termos de cenografia esperava mais glamour em se tratando de China. Muitas vezes era só um enorme telão de LED de alta definição com vídeos super bem produzidos.  Os projetos mais legais foram os da Audi  e da Volks. 

Volks
Audi
                         

                        

                        


Os Chineses, assim como os Brasileiros, tem verdadeira paixão por carros. A diferença é que aqui a classe média e alta é maior que a população inteira do Brasil e a segurança pública é de longe melhor.  Assim fica fácil encontrar várias beldades como estas.  Outro dia fui atravessar a rua e parei para alguns carros passarem.  Neste instante cruzaram por mim: um Porche, uma Masserati, um Lamborghini e uma BMW. Quem precisa ir à feira de Automóveis?